quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Belmonte: “Temos características únicas para sermos atrativos”

São 118,76 km² repletos de história. Onde monumentos imponentes revelam o glorioso passado da vila do distrito de Castelo Branco. Situada no panorâmico Monte da Esperança, a vila de Belmonte revela em cada recanto a história de uma nação. Terra onde nasceu Pedro Álvares Cabral e onde a presença da comunidade judaica é mais notória, Belmonte insurge no coração da Beira. O Empresas+® rumou até à vila histórica onde esteve à conversa com António Dias Rocha, presidente da Câmara Municipal de Belmonte que em entrevista falou, abertamente, sobre o projeto que tem preparado para os próximos quatro anos de mandato.

António Dias Rocha volta a assumir a presidência da Câmara Municipal de Belmonte, após vencer as eleições de outubro com o registo de 56,69% dos votos. Dar à população as condições necessárias e melhor qualidade de vida, são dois dos grandes objetivos do autarca para este novo mandato. Um projeto iniciado em 1994, ano em que assumiu pela primeira vez a presidência da Câmara Municipal de Belmonte, e que agora, com o início do segundo mandato, pretende ver concluído.

Centum Cellas

Favorável à descentralização de competências


A descentralização de competências, uma das questões na ordem do dia, foi um dos temas abordados em entrevista. António Dias Rocha assume uma posição favorável ao processo, no entanto, não esconde a preocupação face às contrapartidas que este pode trazer para o pequeno município de Belmonte. “Primeiro de tudo acho que a descentralização é boa, porque sempre defendi a regionalização. Eu estou um pouco preocupado, não pela descentralização, porque ela é boa. Estou preocupado com as contrapartidas que vão chegar, principalmente aos municípios pequenos. Eu estou integrado num município pequeno, onde a desertificação e o envelhecimento são preocupantes. Em termos de desertificação tenho a noção que Belmonte tem conseguido estabilizar, mas o envelhecimento é preocupante. Vi com preocupação, na comunicação social, que quarenta por cento das verbas da descentralização são para Lisboa e para o Porto. Os outros sessenta por cento são para o resto do país. Para nós, a verba vai ser muito diminuta e pelo que já vi das verbas que estão disponíveis para Belmonte, acho que são muito curtas”, conta o autarca.

A autarquia de Belmonte viu ser-lhe atribuída a gestão de dois dos principais monumentos do concelho, o Castelo de Belmonte e a Torre de Centum Cellas. Uma transferência de competências que, António Dias Rocha vê com alguma preocupação. “Estes dois edifícios precisam de obras. Eu consegui através do Portugal 2020 ter verbas para o Centro Interpretativo de Centum Cellas e para uma intervenção no Castelo de Belmonte, mas acho que para aquilo que é necessário fazer, não chega. Vamos ver se conseguimos convencer o governo a alguma alteração das verbas da descentralização. Estamos francamente preocupados”, assume o presidente da Câmara Municipal de Belmonte.

 Ordenamento do território
Em entrevista ao Empresas+® e quando abordada a questão do ordenamento do território, António Dias Rocha não hesitou ao afirmar que, “o ordenamento do território que temos já vem de há muitos anos”. Para o autarca existem inúmeros entraves e burocracias que impedem um desenvolvimento em prol do país e das necessidades das populações. “Aqui verificamos uma situação. Existem duas freguesias que, se enquadram muito melhor no concelho de Belmonte do que no concelho onde estão. As pessoas dessas freguesias vêm aqui tratar de todos os assuntos das vidas delas. Muitos dos jovens que andam a estudar, vêm para as escolas de Belmonte. Se, tivéssemos estas freguesias que dependem de nós, ficávamos um concelho muito mais interessante. Acho que, as pessoas até estavam recetivas a isso, mas o processo é tão burocrático, tão lento, é tão difícil que só pensar nisso já é uma complicação”, refere António Dias Rocha.
Para o presidente da Câmara Municipal de Belmonte, as Comunidades de Coordenação e Desenvolvimento Regional, devem assumir um papel preponderante neste processo. “As CCDR (Comunidades de Coordenação e Desenvolvimento Regional) podem ter um papel importante. Não podem é olhar só para o seu umbigo. Nós, estamos aqui e também precisamos de apoios, se calhar, até precisamos de mais apoios que os outros. As nossas populações merecem respeito, consideração e ter tudo o que necessitam para viverem bem. Se, não tivermos essas condições como é que seguramos cá os nossos jovens? Não é possível. Se os queremos segurar, têm que nos dar condições para criar o que é necessário criar, desenvolver o que é necessário desenvolver.”, assume o autarca.

Investimento com base em Fundos Comunitários
Dar à população as melhores condições possíveis é primordial para António Dias Rocha e muitos foram os investimentos feitos pelo atual autarca ao longo dos últimos quatro anos de gestão autárquica. Com o início de um novo mandato, António Dias Rocha tem já “em cima da mesa” alguns projetos que espera poder concretizar com recurso a Fundos Comunitários. “Agora, com este quadro, candidatamo-nos a duas obras de grande impacto. Um Centro Escolar, numa vila do concelho de Belmonte, e a recuperação de um campo de futebol que estava no meio da vila de Belmonte. Entretanto tinha-se feito um Estádio Municipal há uns anos atrás e este espaço estava inutilizado e por aproveitar. Este antigo campo de futebol vai ser aproveitado para a criação de estacionamento e para a realização de feiras”, conta o autarca que confessa o enorme esforço financeiro feito pela Câmara Municipal de Belmonte. “Tenho recebido apoios na ordem dos cinquenta por cento, o que, para uma câmara pequenina como Belmonte é um grande esforço”.
“Belmonte: um passado com história, uma história com futuro”   

Captação de investimento para o concelho

Tornar Belmonte um concelho atrativo, é uma das grandes apostas do atual executivo. António Dias Rocha não esconde o desejo de atrair novos empresários para a vila do distrito de Castelo Branco. Nesse sentido, o autarca tem encontrado na localização geográfica e no glorioso passado histórico alguns fatores atrativos para o concelho.“Tenho noção que, Belmonte pela sua localização geográfica, com a autoestrada mesmo aqui ao lado, situada equidistante da Covilhã e da Guarda que, são cidades já com algum peso, está geograficamente favorecida. A nossa localização geográfica, o nosso passado histórico, a ligação que temos com o Brasil e o facto de termos uma comunidade judaica que, está há seis séculos em Belmonte, pode ajudar a tornar o concelho atrativo. Portanto, temos características únicas para sermos atrativos”, assume o autarca que, não esconde o esforço que o atual executivo tem feito no sentido de promover o
concelho. “Tem sido uma batalha ser atrativos o suficiente para empresários apostarem em Belmonte. Temos criado incentivos para empresários se sediarem aqui no concelho. Já conseguimos criar mais de cem postos de trabalho durante o primeiro mandato e esperamos duplicar estes números neste segundo mandato, mas é um esforço tremendo de divulgação e promoção do nosso concelho”, confessa António Dias Rocha.

Aposta na atratividade

Repleta de história, monumentos imponentes e paisagens de perder o fôlego, a vila de Belmonte assume-se cada vez mais como um destino incontornável. António Dias Rocha conhece bem o concelho que o viu nascer e não esconde o desejo de levar Belmonte alto e fora de portas. Promover o que a vila tem de mais singular e apoiar novas iniciativas, são algumas das apostas do atual executivo camarário. “Pretendemos continuar o trabalho que temos feito. Apoiar novas iniciativas de associações que existem em Belmonte e valorizar a cultura judaica. Para nós é muito importante a defesa do criptojudaísmo. A defesa da importância que tem, da importância que teve no comércio, da importância que a comunidade judaica teve em Portugal, nomeadamente, nos descobrimentos e na ciência. Vamos continuar a promover essas medidas. Continuar a apoiar todas as iniciativas na área cultural e para isso, temos uma agenda cultural mensal, com atividades todos os meses. Apoiamos iniciativas de apresentação de novas obras de escritores portugueses. Aliás, temos tido cá um conjunto de iniciativas, como o Colóquio da Lusofonia. Existe um conjunto de iniciativas a que estamos sempre abertos, porque temos que proporcionar isso às nossas populações. Temos que trazer às nossas populações autoestima e mostrar-lhes que, provavelmente, vivem melhor aqui do que em Lisboa”, conta António Dias Rocha.
Tornar Belmonte atrativo, mas sem descurar a qualidade de vida no concelho é o grande objetivo do autarca.“Temos qualidade de vida, bem-estar, segurança e por isso, temos que continuar a ser atrativos, mas também dando aquilo que é necessário. Proporcionando espetáculos, proporcionando atividades desportivas e sociais. Temos feito esse esforço e acho que tem agradado à população. Estamos a fazer de tudo para sermos atrativos com tudo o que temos para oferecer, com os museus, as nossas paisagens magníficas… Estamos no início da Cova da Beira que é muito bonita. Queremos ser atrativos, mas de maneira que o turista não venha umas horas a Belmonte e vá embora”, conta o autarca.

Mensagem de António Rocha 

A assumir pela segunda vez a presidência da Câmara Municipal de Belmonte, António Dias Rocha fez questão de deixar uma mensagem a todos os Belmontenses que, mais uma vez lhe concederam um voto de confiança.

“A população conhece-me. Nasci e fui criado em Belmonte. Sabem o que sou e sabem o carinho que nutro pela minha terra. Eu quero que a        população de Belmonte acredite no seu futuro, acredite que temos condições para melhorar o que temos, em termos de desenvolvimento, em termos de progresso, em termos económicos, porque o básico está feito. Temos de acreditar e ter autoestima e dizer que gostamos de viver na nossa terra, mas para isso temos que ter cá condições. Podem ter a certeza que eu e a minha equipa estamos a trabalhar para criar as condições que levem tranquilidade e qualidade de vida às famílias. Confiem em nós, vamos atingir os objetivos que pretendemos”

IN: PÚBLICO 02-08-2018 (Suplemento “Empresas +”)

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