O único autarca social-democrata a liderar Belmonte e o último candidato “laranja” estão frente-a-frente a 29 de setembro, numa corrida autárquica marcada pela ausência do PSD no boletim de voto. Dias Rocha, presidente de 1993 a 2001, é a aposta do PS para manter a Câmara, tendo como adversários o vereador Jorge Amaro (independente), Marco Melchior (CDU) e João Gonçalves (CDS).
O candidato do PS ambiciona suceder a Amândio Melo, que assumiu o cargo quando assumiu a presidência das Águas do Zêzere e Côa, em 2001. «Não prevejo outro resultado que não seja uma vitória clara», adianta Dias Rocha, constatando que a realidade atual do município é diferente: «Fui eleito numa época de pujança financeira, mas agora Belmonte está a perder população e empresas», constata. A sua candidatura é suportada pelo «dever moral de dar um novo contributo» e a aposta na «renovação da classe política», nomeadamente com a inclusão de jovens nas listas. Nesse sentido, o médico critica «um adversário que leva deserdados políticos do PS», numa alusão a Jorge Amaro. «Não sou um candidato de “esquina” à espera do apoio de quem passa», ironiza Dias Rocha. O seu projeto assenta numa política social «solidária e sustentável», na atração de investimento, na dinamização da economia local e no turismo, numa estratégia “aberta” aos municípios vizinhos.
Jorge Amaro também acredita na vitória que lhe escapa desde 2001, quando “testou” Amândio Melo pela primeira vez. Vereador há 12 anos, o candidato quer continuar a «estratégia de desenvolvimento traçada» pelo atual presidente e «rasgar novos horizontes» nas prioridade concelhias, como o desemprego ou os jovens. O turismo e a auto-sustentabilidade financeira da Câmara são outras, mas Jorge Amaro prefere “esconder” algumas medidas, que serão apresentadas «em tempo útil». A sua candidatura é apoiada pelo BE e PSD, particularidade pela qual tem «um enorme orgulho». Desavindo com a concelhia local do PSD desde 2011, o cabeça-de-lista deixou o partido e assumiu o estatuto de vereador independente. «Agradeço terem-me retirado a confiança política, pois permitiu manter a serenidade», considera, reiterando que não voltará a ser militante de qualquer partido.
Marco Melchior reside em Caria há quatro anos, mas há 17 que é funcionário da Câmara da Covilhã, onde trabalha na fiscalização. «Conheço o funcionamento das Câmaras e estou ligado à freguesia da Conceição (Covilhã)», adianta o candidato, sublinhando que Belmonte é o seu concelho, pois «é aqui que os meus filhos vão crescer». O funcionário público considera-se um vencedor e afirma que as expetativas são altas: «Ter representantes em todo o lado já era um bom resultado», evidencia. A CDU tem um eleito na Assembleia Municipal mas quer alargar a sua representação, apostando em políticas voltadas para a área social e económica. «Uma obra pode ser muito bonita, mas se não houver pessoas para usufruir dela não serve para nada», atira. Marco Melchior tem nas associações, proteção civil, linha da Beira Baixa e mobilidade as linhas essenciais de um projeto «realista».
Por seu lado, João Gonçalves recandidata-se, mas as expetativas «não são fortes», assume. «Queríamos aumentar o número de eleitos, mas penso que não é possível», considera o candidato do CDS, invocando o contexto nacional e a presença dos centristas no Governo. No entanto, o cabeça-de-lista defende uma nova gestão do concelho, pois «a maneira tradicional está gasta». O professor não concorda com as políticas da Câmara, que faz obras para eleitor ver e depois temos aí “elefantes brancos”». Além disso, «há demasiada partidarização e os partidos fecham-se sobre si mesmos», critica. João Gonçalves aponta a economia e o turismo como setores estratégicos e acredita que é preciso «diluir o poder dos partidos e de algumas oligarquias», dizendo que não basta «chamar o povo de quatro em quatro anos».
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